Nobody (Polaroid) ~ Andrea Tonellotto |
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Se de poesia um dia padeci
(morrer por ela eu era capaz)
é porque em mim
ela, excelsa, acesa, excitava
era vício tenaz
Vírus vital que fazia a cabeça
Queimava ruidosa por dentro
Florescia na pele
Palpitava nos olhos
Comprazia a volúpia
Esporeava os sentidos
Mas um dia virou cinza
Vertigem, claridade devastada
Desapareceu do mapa
Tomou chá de sumiço
Outro dia, como se do nada
Ressurgiu enxugada
Altiva e rosada
Renovada
Verve atiçada
Vasta e robusta
Me busca
Onde quer que eu me ache
E brusca
Com cara de santa
Diz que padece de mim
Que é toda minha
“Leve-me contigo! Leve-me contigo!”
Quer vir comigo
Onde quer que (eu)
Vamos
[ in Quebrada, inédito ]